Luis Cláudio Oliveira aceitou o desafio de assumir o cargo de presidente do Grupo São Lucas, um dos mais tradicionais e relevantes da cidade na área da saúde. Natural de São Paulo, capital, o médico nutre um grande carinho por Ribeirão Preto, que, hoje, é a sua casa. Desde os sete anos, quando os pais se mudaram para Bebedouro, passou a visitar a cidade, normalmente, aos finais de semana, em passeios familiares, estabelecendo, assim, um forte vínculo afetivo e uma profunda admiração pela cidade. Aos 15 anos, tinha em mente dois grandes objetivos: cursar Medicina e viver em Ribeirão Preto. O propósito era desafiador para o filho mais velho de três, de um casal de professores, e que estudava em escola pública, mas, todo o esforço valeu a pena. Ele faz questão de ressaltar que foi muito bem acolhido durante os seis anos que passou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e que guarda ótimas lembranças dessa época. A opção por se especializar em Gestão Hospitalar, no entanto, o levou de volta para São Paulo, onde cursou MBA em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde e MBA em Gestão Financeira e Controladoria, ambos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também realizou aprimoramentos no exterior, como o curso International Business Immersion, pela Universidade de Tampa. Já como executivo, retornou para Ribeirão Preto atuando como gestor de uma operadora regional, entre 2006 e 2010. Pela terceira vez na cidade, desde junho do ano passado, Luis vive um momento especial em sua carreira.
Ribeirão Preto pode ser, de fato, considerada um polo no segmento da Saúde? Quais razões sustentam essa posição de destaque?
Ribeirão Preto é, sem dúvida, um polo no segmento de Saúde. Temos, na cidade, cinco faculdades de Medicina e, entre elas, uma das melhores da América Latina, com destaque não somente no ensino, mas, também, em pesquisa avançada, e cuja estrutura hospitalar de ponta recebe pacientes de diversas regiões do Brasil. Em torno de 45% da população está inserida no mercado de saúde suplementar, ou seja, dispõe de planos de saúde, contra 25% da média nacional. O setor hospitalar privado também se destaca, oferecendo um número de leitos à população usuária de planos acima do preconizado pela Organização Mundial de Saúde, com serviços de referência em praticamente todas as especialidades e conduzidos por profissionais altamente qualificados.
O investimento constante em novas tecnologias também é um diferencial?
Sim. No que tange a recursos tecnológicos, podemos nos considerar no mesmo nível dos principais serviços de saúde do país. No Grupo São Lucas, por exemplo, dispomos de tecnologia de ponta, realizando cirurgias e procedimentos de alta complexidade, utilizando equipamentos de máxima precisão. Dentre eles, podemos citar a própria cirurgia robótica, ainda hoje presente em poucos hospitais do Brasil, mas que, aqui em Ribeirão, já é realizada desde 2019, evidenciando a inovação e o pioneirismo da marca regional.
Como foi assumir o posto de diretor presidente em uma instituição de saúde tão tradicional da cidade?
Sinto-me lisonjeado em poder fazer parte do Grupo São Lucas, que, este ano, completou 54 anos de história e que possui um papel de grande relevância na saúde de Ribeirão Preto e região. O Hospital São Lucas, o mais antigo da companhia, foi fundado por um grupo de médicos tradicionais, que pertenciam ao Hospital das Clínicas. Naquela época, já tinha a qualidade, a inovação e a segurança como os seus principais pilares. Triplicou de tamanho desde a sua origem e, hoje, é referência em alta complexidade em toda a região. O Ribeirânia, o segundo hospital a fazer parte do Grupo, vem passando, nos últimos cinco anos, por um processo amplo de modernização e foi o grande protagonista no atendimento dos casos de Covid-19 durante a pandemia, oferecendo suporte a pacientes que vieram de outras cidades e instituições, com sua ampla estrutura de pronto atendimento e terapia intensiva. O Hospital Especializado se juntou ao Grupo em 2019, e é referência nacional em pacientes queimados ou vítimas de traumas que precisam passar por cirurgia plástica reconstrutiva. Diante de tamanha tradição, aumenta, e muito, a responsabilidade. Espero contribuir com o Grupo, somando a experiência de 20 anos no mercado de saúde, fortalecendo cada vez mais os pilares da qualidade, eficiência, inovação, sempre respeitando as características regionais e disseminando os nossos valores pautados pela empatia, acolhimento, resolutividade e atendimento humanizado.
O que mais te fascina nessa parte de gestão?
Podemos sintetizar a saúde em ‘pessoas cuidando de pessoas’, com o agravante de ser na doença, o momento em que estamos mais sensíveis, debilitados e precisando de apoio. Isso nos dá uma dimensão da importância da gestão de recursos humanos nesse contexto. Para que esse cuidado possa ser executado da maneira adequada, levando-se em conta a complexidade de um atendimento hospitalar, que habitualmente envolve avaliações por equipes multiprofissionais, realização de exames e procedimentos, administração de diferentes tipos de dietas, medicamentos e terapias em escalas que giram nas 24h, a implantação de processos, protocolos e controles bem estabelecidos também passa a ser fundamental. Por último, cabe ao gestor de saúde, ainda, assegurar a ampla disponibilidade de recursos, sejam eles tecnológicos, insumos ou terapêuticos, para que a assistência seja prestada sem interrupções e de forma a garantir o emprego das melhores opções para cada caso.
Quais os principais desafios?
O desafio é fazer que toda essa engrenagem gire de forma eficiente, integrada, com segurança e qualidade, mitigando riscos de intercorrências, com pessoas bem engajadas, treinadas e conscientes em seus papéis e responsabilidades. A recompensa vem com os resultados atingidos em termos de desfecho clínico, resolutividade, satisfação do paciente e familiares, sendo esse o nosso principal e grande objetivo.
Quais foram os avanços mais significativos do Grupo com a chegada da holding Hospital Care?
A Hospital Care é uma holding que iniciou suas atividades em 2017, com o propósito de oferecer saúde de qualidade e eficiência nas regiões onde atua, dentro de um modelo inovador de gestão integrada, maximizando a relação entre pacientes, médicos, fontes pagadoras e acionistas, ou seja, do ecossistema de saúde. Está presente, atualmente, em sete cidades da região Sul e Sudeste e é composta por 14 hospitais. A parceria em Ribeirão Preto começou já em 2017 e, de lá para cá, foram investidos mais de R$ 50 milhões em modernização de estruturas, ampliações, aquisição de equipamentos, sistemas informatizados de operação e controle. Como alguns exemplos desses investimentos, podemos citar a torre nova no Hospital São Lucas. São 60 leitos, sendo 30 leitos de terapia intensiva, todos em box individualizado, conferindo máxima privacidade e permitindo ao acompanhante a permanência 24h, e mais 30 leitos de apartamento. A também recém-inaugurada maternidade do Ribeirânia, com dez leitos de apartamento, sendo dois para parto humanizado, unidade neonatal avançada e centro obstétrico. Na área de tecnologia, podemos citar a aquisição do novo robô de última geração para realização de procedimentos cirúrgicos de alta precisão no valor aproximado de R$ 17 milhões. Além de investimentos de infra e tecnologia, foram realizados investimentos em desenvolvimento de pessoas, programas de ensino e pesquisa e programas de qualidade.
Recentemente, o Ribeirânia recebeu o selo internacional Qmentum Gold, que reconhece as boas práticas e os serviços de qualidade prestados aos pacientes. Qual a importância dessas certificações?
Não tem como falar em saúde sem oferecer o máximo de qualidade para os pacientes. E, quando falamos de qualidade, isso envolve segurança, eficiência e resolutividade, comunicação adequada com o paciente e familiares, que devem ser informados e inseridos em todo o processo diagnóstico terapêutico, registro seguro de informações, além do acolhimento ser feito pela equipe de maneira adequada, através de um atendimento personalizado e humanizado. Para que tivéssemos a convicção da qualidade de nossos processos e rotinas, contratamos o QGA, que, através da metodologia canadense Qmentum, realiza uma auditoria rigorosa ‘in loco’, por meio de profissionais altamente capacitados, e nos confere, ou não, o selo de qualidade com base no mapeamento realizado. Com muita satisfação, recebemos, no final do ano passado, o Selo Qmentum Gold, que vem coroar todo esse trabalho que tem sido desenvolvido pela equipe do hospital. O São Lucas também já possui o selo Diamond desde 2016.
O lançamento do plano de saúde próprio, o LUCA, também é uma conquista expressiva para o hub?
O plano Luca começou a ser desenhado há cerca de dois anos e surgiu de uma visão do Grupo São Lucas e da Hospital Care de que precisávamos oferecer mais do que um atendimento hospitalar de qualidade para a população de Ribeirão Preto. Seria o momento de proporcionar todo um sistema integrado de saúde, que atendesse o paciente nos diferentes níveis de assistência, seja através de recursos próprios ou através de parceiros que tivessem nossa chancela de qualidade e atendessem sob o modelo convencionado. A partir de então, passamos a mapear quem seriam esses prestadores, além dos hospitais do Grupo, e qual seria o melhor modelo de atendimento que oferecesse, além do alto padrão de qualidade, um custo acessível, permitindo o ingresso de uma parcela ainda maior da população no mercado privado de saúde suplementar. Fizemos o pré-lançamento oficial do plano em março e, em apenas cinco dias, tivemos 2.500 lides por meio de empresas buscando informações, o que nos mostra que estamos no caminho certo. Em um primeiro momento, iremos oferecer planos PME e PJ nas modalidades apartamento e enfermaria, com ou sem coparticipação. Os produtos já estão sendo comercializados.
Quais são os projetos a serem concretizados em um futuro próximo?
Nosso planejamento para este ano envolve novos investimentos em equipamentos e infraestrutura, como a reforma da ala mais antiga do hospital São Lucas, ampliação da parceria com médicos e operadoras regionais e nacionais. Destacamos, ainda, a promoção de ações de saúde e bem- -estar para a população em geral, como a organização de caminhadas, projetos de aferição de pressão nos parques da cidade, campanhas de conscientização de saúde sobre temas específicos. Está em nosso radar, também, a ampliação de projetos de parceria com a Prefeitura para desafogar cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS), como fizemos no ano passado. Para completar, estaremos presentes, apoiando e oferecendo atendimento médico em grandes eventos tradicionais da cidade, que fomentam o turismo regional.
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